quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

No mesmo lugar, outro final

... e em resposta o lobo disse, imitando em forma de troça, a voz da pobre vovó:

- Minha filhinha, esses olhos tão grandes são para te ver melhor!

Sentindo um leve calafrio, ouvindo a sua “avó” sugar alguma coisa parecida com saliva, a pobre menina sentiu as pernas bambearem e uma forte fisgada no baixo vente. A dor foi tão forte que seus joelhos se dobraram. Ela apoiou um deles no chão e sentiu um líquido quente entre as coxas. Ao olhar para baixo, percebeu o sangue!

“Não, não... Mamãe falou que isso poderia acontecer, mas agora, logo agora?”

Ela não sabe explicar bem, mas a “vovó” pareceu sentir o cheio de sangue e quase saiu de baixo das cobertas quando percebeu o que havia acontecido! Ergueu a cabeça por baixo das cobertas, como se farejasse e degustasse o ar, e a mocinha pode reparar que o nariz da velhinha estava muito maior do que ela lembrava!

- Vovó, por que você está com o nariz tão grande?

Cerrando os olhos enquanto enchia os pulmões, antes de responder, o Lobo sentiu um leve estremecer de desejo percorrer todo o seu corpo. O cheiro de sangue o estava deixando louco! Mal conseguindo conter a saliva dentro da boca e o pau quieto, ele respondeu:

- É para... - Mais uma inspiração profunda! - É para te cheirar, cheirar melhor, minha netinha!

Enquanto falava, ele deslizou a mão peluda para cima do pênis ereto e começou a se masturbar lentamente enquanto devorava a menina, apelidada de Chapeuzinho Vermelho, com os olhos. A besta desejava ter aquele corpo para comer e para estuprar! A fome se misturando com tesão, o cheio de adrenalina e de sangue inundando os sentidos... Tudo isso estava deixando o monstro totalmente entorpecido!

A respiração do lobo estava ofegante, sua mão grossa alisava o corpo duro e cravado de veias e a cabeça bulbosa e vermelha do seu membro enquanto! Apesar de ter feito uma refeição a pouco tempo, sua barriga emitia sons guturais que denunciavam sua voracidade. Sua parte humana estava se perdendo dentro de sua cabeça, dando lugar apenas ao seu lado lobo, ao seu lado de predador. Agora estava agindo por instinto, estava no “automático”!

O bicho, que era todo músculos, pelos e garras! Primeiro as mãos saíram de baixo e arrancaram a touca rosa de pano, deixando as orelhas pontiagudas e aguçadas a mostra. Depois começou a se erguer da cama e a coberta grossa passou a deslizar pelo seu corpo, lentamente e a grossa manta que o cobria caiu para seu peito e expôs a boca, um rasgo que ia de um lado a outro do rosto, passando por baixo de um fuço longo, encimado por um nariz preto e úmido. Uma fileira de dentes pontiagudos e afiados se aninhava por trás daqueles lábios molhados, sobre gengivas negras. A baba escorria, molhava o pelo e pingava em fios longos e pegajosos. Quando a aberração finalmente se pôs de pé, Chapeuzinho Vermelho viu que a cama estava sem colchão, ele era enorme e estava o tempo todo sentado no chão. A ponta das orelhas quase roçava no teto assim que ele se pôs completamente de pé, respirando ofegante, com a musculatura retesada embaixo da pele coberta de pelos marrons, a manta desceu pelo seu corpo e se acumulou sobre seu pau, completamente ereto e pulsante! O Lobo iniciou um lento movimento para frente e parecia rir enquanto observava, devorando e saboreando, cada ação assustada da menina.

Chapeuzinho estava paralisada. Sua bexiga se esvaziou no momento em que a fera se revelou. A urina se misturou com o sangue e tingiu de vermelho as meias brancas que ela usava e desenhou caminhos vermelhos pelas pernas. Ela tremia e chorava, mal consegui respirar, muito menos falar. E o que mais a assustava não era o tamanho daquele bicho, nem seu pelos, suas garras ou o seu pau, que agora estava a mostra, mas sim aquela boca descomunal e arreganhada pra ela. Ela mal conseguia desviar o olhar dela! Enquanto o lobo se aproximava, a menina se encolhia contra a parede, mas sem tirar os olhos daqueles dentes. Eles brilhavam, refletiam a leve luminosidade que vinha da janela. Eram amarelados, pontiagudos e assustadoramente grandes e um tanto projetados para fora.

Agora ele estava a apenas quatro passos de distância, enquanto andava deslizava a mão sobre a pica e respirava cada vez mais forte, mostrando sua excitação e apetite. O lobo conseguia ouvir o coração da mocinha totalmente acelerado e sentia o cheiro da adrenalina cada vez mais intenso. O monstro esticou o braço e a tocou. Primeiro a ponta da garra do dedo indicador arranhou levemente o rosto dela, deixando correr um fio de sangue, depois deslizou a mão para a nuca de Chapeuzinho, segurando ela pelos cabelos, forçando-a a ficar de pé. Ela gritava e chorava, mas sem conseguir dizer nada!

Devorando cada segundo daquele jogo, sem a menor pressa, ele trouxe o rosto dela para perto do seu, ignorando a pequena resistência que ela oferecia de forma trêmula, fazendo a sua respiração quente e fétida cair sobre ela. Roçou seus pelos do fuço contra a pela delicada de Chapeuzinho e correu sua língua áspera no pescoço da menina, que estremeceu de medo e nojo. Lentamente ele abriu a boca e alguns dos seus dentes tocaram aquela bochecha tão clara, delicada e salpicada de sardas. Mas, finalmente, em meio as lágrimas e medo, ela conseguiu balbuciar...

- ... a... a... a... sua... boca, a sua boca...

E antes mesmo que ela pudesse balbuciar mais alguma coisa, Lobo chegou a boca bem perto do ouvido de Chapeuzinho e sussurrou bem baixinho, misturando voz e rosnado:

- Shhh... Shhh... Shhhhhh... É pra te comer melhor!

Assim que ele falou, simplesmente abriu a mão e largou a menina, que despencou de joelhos no chão, sem nenhuma ação. Ela apenas observava a besta se contorcer, tentando por as mãos nas costas e rosnando pragas para todos os lados. De repente a fera solta um grito ensurdecedor e se contorce para tentar alcançar outra parte de suas costas. Chapeuzinho apenas ouviu os vidros da parte de cima da janela se despedaçando com um terceiro tiro, agora ela conseguiu ouvir também o estampido. Uma sombra saltou pela janela, se pôs atrás do lobo e desferiu mais três tiros em suas costas. Uivando de dor, babando e se contorcendo a fera caiu no chão estrebuchando, xingando e lançando maldições! Mas aos poucos seus movimentos foram diminuindo até que ficasse completamente imóvel.

A menina não esboçava reação, não conseguia expressar nada. Seus olhos estavam vidrados naquele corpo volumoso e peludo, totalmente inerte na sua frente. Mas ela foi retirada do transe por uma voz conhecida.

Uma voz de mulher a chamou pelo nome.

 - Sophie, Sophie, olhe pra mim!

E lentamente Sophie ergueu os olhos para sua mãe metida em roupas de couro fervido, com presilhas e tachões de metal. Segurava em sua mão uma arma que ainda soltava fumaça pelo cano e seus cabelos, que sempre ficavam soltos ou arrumados em duas tranças, estavam presos num coque bem amarrado. A Caçadora, ao ver que o inimigo estava fora de combate, correu e abraçou a filha. Chapeuzinho estava chocada, não conseguia reagir. Sua mente não compreendia aquilo, não entendia como um ser como aquele Lobo poderia existir e entendia menos ainda como sua mãe, sua doce mãezinha, tinha perícias para abater tal entidade.

Aos poucos Sophie começou a se recompor e as palavras vinham aos engasgos. Ao mesmo tempo em que tentava falar era interrompido por um soluço de choro. Por duas vezes ela vomitou alguma coisa que ainda restava em seu estomago, tremia e tentava falar. Mas a sua mãe a abraçou forte mais uma vez e começou a cantar baixinho uma musica da infância da menina. Cantava e pedia que ela se acalmasse, falava que tudo ficaria bem e que o pior já tinha passado. Com suavidade balançava o corpo para frente e para trás, tentando embalar sua menininha. Chapeuzinho estava se deixando levar pelo embalo, pela voz da mãe e principalmente pelo seu cheio, tão familiar. Aos poucos ela estava parando de tremer e já sentia o coração batendo mais devagar, assim como a respiração estava ficando mais pausada.

Mas o pesadelo ainda não havia acabado.

A mãe de Chapeuzinho se afastou um pouco da filha e olhando dentro de seus olhos disse:

- Filha, sei que não está entendendo nada, mas preciso que seja forte e que me ajude. Infelizmente sua avó já está morta, mas eu não posso deixar as coisas como estão. Vamos, ao menos, enterrar ela! Você pode me ajudar? Pode?

Sophie apenas balançou a cabeça para cima e para baixo concordando com a mãe. Assim que obteve a resposta afirmativa da filha, a Caçadora pôs a mão atrás das costas e com um movimento de polegar soltou uma pequena trava que impedia que uma adaga se soltasse de sua bainha de couro. A arma era linda, com cabo de madeira negra, adornado por arabescos de metal e uma lâmina comprida e levemente curvada. A Caçadora pegou o Lobo pelo ombro e, com a ajuda de Sophie, fez com que ele se virasse para cima.
Agora que estava mais calma, Chapeuzinho conseguia perceber como a barriga daquela aberração estava dilatada, realmente sua avozinha poderia estar lá. Com um movimento preciso, a Caçadora abriu um talho do diafragma do lobo até seu umbigo e então Sophie viu o horror. Sua avó estava lá, ainda inteira, mas com a pele começando a ser corrida pelo ácido do estômago do Lobo e com os ossos todos quebrados. Face, crânio, costelas, braços, tudo! Quando ajudava a mãe a puxar a velhinha para fora, ouvia alguns estalos dos ossos quebrados se misturando aos soluços do seu choro.

Quando a velhinha estava quase com a metade do corpo para fora, Chapeuzinho ouviu um som grave, meio abafado e baixo, como se fosse um urso ou outro animal grande rondando por perto, mas era mais perto do que ela poderia imaginar! Sem que elas percebessem o Lobo voltou a consciência e havia aberto os olhos.
Ligeiro como uma serpente, com uma das mãos pegou e jogou a adaga para longe e com a outra agarrou a Caçadora pelo pescoço e quase a matou em um único movimento. Sophie gritou de forma estridente e sem saber como voltou a colar as costas na parece. A Caçadora se contorcia e tentava respirar, ao mesmo tempo em que tentava pegar sua arma. O Lobo demonstrava sentir fortes dores por conta da barriga aberta, mas se mantinha firme em sua pegada. Aos poucos ia subjugando a mãe de Chapeuzinho e se colocando de pé, como se as foras retornassem aos poucos ao seu corpo! É bem certo que estar com o estômago aberto e com uma velha pendurada para fora dificultou as coisas, mas ele conseguiu o movimento. Agora a cena era a mais bizarra possível: Um ser com corpo meio homem, meio lobo, com a barriga aberta e dela pendendo o cadáver de uma senhora! E ele ainda estava segurando uma mulher com roupa de caçadora pelo pescoço. Caçadora era brava, chutava o quanto podia, se contorcia, mas o Lobo a havia pegado de jeito. Ele demonstrava irritação com aquilo tudo e com pouco esforço, usando a mão livre, quebrou o pescoço da Caçadora com um movimento simples, obtendo um som arrepiante de ossos partindo. Chapeuzinho olhava a mãe nos olhos quando a fera fez o que fez, e ela pode ver a feição da mãe morrer e sua vida se esvair.

Lobo então soltou o corpo da Caçadora, completamente sem vida, no chão e passou a socá-lo com força e violência! Cada golpe brutal fazia o corpo se mover em resposta e os ossos estalarem, se quebrando. E, quando ele percebeu que Caçadora já estava bem triturada, se colocou de pé, ofegante e cansado, com as mãos na cintura. E logo empurrou a velha de volta para dentro de si e Sophie viu sua avó sumir dentro do Lobo, viu o rasgo na barriga dele se fechar e se cicatrizar, como que por magia.

Em poucos segundo até mesmo os pelos nasceram onde antes havia a cicatriz do corte com algumas queloides e depois nem mesmo elas existiam mais. O Lobo se espreguiçou como se tivesse acordado de uma soneca e Chapeuzinho viu caindo no chão as balas que a mãe havia atirado nele. Depois disso, ele caiu de quatro, próximo ao cadáver da Caçadora, abriu a boca com um grito, fez uma força e com um estalar de ossos ela se abriu mais ainda. Fez força novamente, mais um par de estaladas se seguiu e agora ela se alargou para os lados, seu queixo estava tocando o chão. Dessa maneira, com a boca muito maior do que era antes, Lobo engoliu também a Caçadora, numa única bocada.

Chapeuzinho viu a garganta e o tórax da besta se alargarem para dar passagem ao corpo de sua mãe, que visivelmente foi se juntar ao da avó dentro do Lobo. Mas, inacreditavelmente, quando ele voltou a ficar de pé, sua barriga aprecia apenas levemente inchada, não parecia conter todo aquele volume, não estava da maneira quando ele estava inconsciente.

Com dois tapinhas na barriga e um ar de riso, o Lobo se voltou para Chapeuzinho novamente e disse:

- Onde estávamos mesmo antes de eu ser interrompido?
Ah sim, a minha boca! Como eu estava dizendo, Sophie, e como você mesma pôde ver, ela é pra eu te comer melhor!