O Leão
sentado em seu trono, coroado com sua juba negra em forma de coroa ameaçadora,
cercado por suas concubinas leoas-caçadoras, ostenta a opulência da majestade
herdada pela natureza e não conquistada por seus méritos. Suas senhoras cruzam
com seus súditos enquanto o rei está ocupado cuidando as fêmeas principais. Os
acasalamentos acontecem ao mesmo tempo, os filhotes nascem ao mesmo tempo! O
rei quer matar os filhotes do pecado, mas não sabe diferenciar dos seus. Os
pequenos bastardos se misturam aos herdeiros reais, os matam e o trono é tomado
por alguém sem sangue nobre e assim segue sucessão da “família” na corte.
Os bobos-da-corte, com seus dentes arreganhados, risonhos compulsivos, adornados pela loucura e pela feição assustadoramente sorridente. As Hienas, carniceiras pelo julgamento popular, matadoras por natureza, espreitam sempre nas sombras, na esperança de que algum incauto cai nas suas graças de morte ou que o rei bastardo as chame para diverti-lo enquanto ele rouba sua comida conseguida as duras penas. Seus pescoços robustos em contraste com seus corpos atarracados conferem a elas um ar desengonçado que, mais uma vez, não faz jus à sua crueldade e potencial assassino. Um dia o rei será o jantar, um dia...
Ah, o que seria do mundo sem os pequenos salteadores da estrada, organizados e furtivos, chamados de Chacais? Solitários são fracos, incapazes, magros, feios e não oferecem muitos perigos! Mas juntos, em bandos, como sempre vivem, são animais perigosos e vis. O grupo parece adquirir uma consciência coletiva, cujo único objetivo é matar e comer. O medo é o sentimento que impera em seus corações, mas é justamente o que os mantém vivos, fortes e unidos. Não desprezem nada, assim como dividem tudo. Desde a caça de um pequeno lagarto até mesmo um grande cervo, tudo é comido, tudo é dividido. Tudo é regido pelo medo, todos são mantidos vivos e sempre unidos.
Restos podres de carne e gordura ressecada sob o Sol impiedoso. O cheiro de podridão imunda inunda o ar e a ideia de ingerir qualquer porção disso faz com que qualquer um regurgite tudo que há em seu estômago, mas os restos mortais deixados para trás, seja por satisfação, seja por necessidade, é um banquete de iguarias finas sem igual para os Abutres. Capazes de comer uma presa ainda viva por uma ferida aberta enquanto ainda agoniza ou já morta a vários dias, dominada por vermes e moscas, são eles que, de uma forma controversa mantém a higiene do reino. Comendo a podridão, sobrevivendo de restos e rejeitos imundos, se nutrem do que mataria qualquer outro.
Apesar de todos acima serem totalmente diferente em suas posições e ações, há algo em comum, são os agricultores responsáveis por fazer a colheita diária no pasto de carne. Neste pasto farto brota uma multidão inumerável de Gnus. Estas bestas de carne suculenta, sustentada por patas fortes e defendidas por chifres afiados, são os responsáveis por prover quase toda a carne responsável por sustentar os habitantes do reino. A colheita dos agricultores da carne é impiedosa e constante. Faz sangrar diariamente o bando, afasta os filhotes fracos e os mais velhos, mas é isso que faz com que os campos repletos de carne sejam cada vez melhores, pois os piores são sempre mortos. A dor da perda de um companheiro é grande, mas antes ele estar morto e devorado do que eu.
Acima disto tudo há Serpentes no céu. Elas costuram todas as cenas decadentes, cenas clichês, anormais e incertas. Cenas cotidianas, que se completam e se afastam. As serpentes do céu usam uma linha invisível de uma força sem noção, que não deixa as cenas se afastarem, faz com que o rei, o bobo, o salteador, o necrófago e o pasto sejam um só. Uma só cabeça, um só ser que se nutre, cresce e se consome. Nutre-se e se consome, num ciclo vicioso, em um ciclo vital, retroalimentado!
Todos esses elementos convivem todos os dias, desde sempre, desde que surgiu a sua falsa consciência, todas as faces de um mesmo indivíduo, todos construindo e consumindo o mesmo ser. Todas as expressões. E as serpentes nada mais são do que as mudanças de humor, a ponte entre a consciência e o sonho, as fantasias e a realidade. As serpentes no meu céu, as minhas lembranças, meus pensamentos, minha realidade, meu eu.
Os bobos-da-corte, com seus dentes arreganhados, risonhos compulsivos, adornados pela loucura e pela feição assustadoramente sorridente. As Hienas, carniceiras pelo julgamento popular, matadoras por natureza, espreitam sempre nas sombras, na esperança de que algum incauto cai nas suas graças de morte ou que o rei bastardo as chame para diverti-lo enquanto ele rouba sua comida conseguida as duras penas. Seus pescoços robustos em contraste com seus corpos atarracados conferem a elas um ar desengonçado que, mais uma vez, não faz jus à sua crueldade e potencial assassino. Um dia o rei será o jantar, um dia...
Ah, o que seria do mundo sem os pequenos salteadores da estrada, organizados e furtivos, chamados de Chacais? Solitários são fracos, incapazes, magros, feios e não oferecem muitos perigos! Mas juntos, em bandos, como sempre vivem, são animais perigosos e vis. O grupo parece adquirir uma consciência coletiva, cujo único objetivo é matar e comer. O medo é o sentimento que impera em seus corações, mas é justamente o que os mantém vivos, fortes e unidos. Não desprezem nada, assim como dividem tudo. Desde a caça de um pequeno lagarto até mesmo um grande cervo, tudo é comido, tudo é dividido. Tudo é regido pelo medo, todos são mantidos vivos e sempre unidos.
Restos podres de carne e gordura ressecada sob o Sol impiedoso. O cheiro de podridão imunda inunda o ar e a ideia de ingerir qualquer porção disso faz com que qualquer um regurgite tudo que há em seu estômago, mas os restos mortais deixados para trás, seja por satisfação, seja por necessidade, é um banquete de iguarias finas sem igual para os Abutres. Capazes de comer uma presa ainda viva por uma ferida aberta enquanto ainda agoniza ou já morta a vários dias, dominada por vermes e moscas, são eles que, de uma forma controversa mantém a higiene do reino. Comendo a podridão, sobrevivendo de restos e rejeitos imundos, se nutrem do que mataria qualquer outro.
Apesar de todos acima serem totalmente diferente em suas posições e ações, há algo em comum, são os agricultores responsáveis por fazer a colheita diária no pasto de carne. Neste pasto farto brota uma multidão inumerável de Gnus. Estas bestas de carne suculenta, sustentada por patas fortes e defendidas por chifres afiados, são os responsáveis por prover quase toda a carne responsável por sustentar os habitantes do reino. A colheita dos agricultores da carne é impiedosa e constante. Faz sangrar diariamente o bando, afasta os filhotes fracos e os mais velhos, mas é isso que faz com que os campos repletos de carne sejam cada vez melhores, pois os piores são sempre mortos. A dor da perda de um companheiro é grande, mas antes ele estar morto e devorado do que eu.
Acima disto tudo há Serpentes no céu. Elas costuram todas as cenas decadentes, cenas clichês, anormais e incertas. Cenas cotidianas, que se completam e se afastam. As serpentes do céu usam uma linha invisível de uma força sem noção, que não deixa as cenas se afastarem, faz com que o rei, o bobo, o salteador, o necrófago e o pasto sejam um só. Uma só cabeça, um só ser que se nutre, cresce e se consome. Nutre-se e se consome, num ciclo vicioso, em um ciclo vital, retroalimentado!
Todos esses elementos convivem todos os dias, desde sempre, desde que surgiu a sua falsa consciência, todas as faces de um mesmo indivíduo, todos construindo e consumindo o mesmo ser. Todas as expressões. E as serpentes nada mais são do que as mudanças de humor, a ponte entre a consciência e o sonho, as fantasias e a realidade. As serpentes no meu céu, as minhas lembranças, meus pensamentos, minha realidade, meu eu.