... e em resposta o lobo disse, imitando em forma de troça,
a voz da pobre vovó:
- Minha filhinha, esses olhos tão grandes são para te ver
melhor!
Sentindo um leve calafrio, ouvindo a sua “avó” sugar alguma
coisa parecida com saliva, a pobre menina sentiu as pernas bambearem e uma
forte fisgada no baixo vente. A dor foi tão forte que seus joelhos se dobraram.
Ela apoiou um deles no chão e sentiu um líquido quente entre as coxas. Ao olhar
para baixo, percebeu o sangue!
“Não, não... Mamãe falou que isso poderia acontecer, mas
agora, logo agora?”
Ela não sabe explicar bem, mas a “vovó” pareceu sentir o
cheio de sangue e quase saiu de baixo das cobertas quando percebeu o que havia
acontecido! Ergueu a cabeça por baixo das cobertas, como se farejasse e
degustasse o ar, e a mocinha pode reparar que o nariz da velhinha estava muito
maior do que ela lembrava!
- Vovó, por que você está com o nariz tão grande?
Cerrando os olhos enquanto enchia os pulmões, antes de
responder, o Lobo sentiu um leve estremecer de desejo percorrer todo o seu
corpo. O cheiro de sangue o estava deixando louco! Mal conseguindo conter a
saliva dentro da boca e o pau quieto, ele respondeu:
- É para... - Mais uma inspiração profunda! - É para te
cheirar, cheirar melhor, minha netinha!
Enquanto falava, ele deslizou a mão peluda para cima do
pênis ereto e começou a se masturbar lentamente enquanto devorava a menina, apelidada
de Chapeuzinho Vermelho, com os olhos. A besta desejava ter aquele corpo para
comer e para estuprar! A fome se misturando com tesão, o cheio de adrenalina e de
sangue inundando os sentidos... Tudo isso estava deixando o monstro totalmente entorpecido!
A respiração do lobo estava ofegante, sua mão grossa alisava
o corpo duro e cravado de veias e a cabeça bulbosa e vermelha do seu membro
enquanto! Apesar de ter feito uma refeição a pouco tempo, sua barriga emitia
sons guturais que denunciavam sua voracidade. Sua parte humana estava se
perdendo dentro de sua cabeça, dando lugar apenas ao seu lado lobo, ao seu lado
de predador. Agora estava agindo por instinto, estava no “automático”!
O bicho, que era todo músculos, pelos e garras! Primeiro as mãos saíram de baixo e arrancaram
a touca rosa de pano, deixando as orelhas pontiagudas e aguçadas a mostra.
Depois começou a se erguer da cama e a coberta grossa passou a deslizar pelo
seu corpo, lentamente e a grossa manta que o cobria caiu para seu peito e expôs
a boca, um rasgo que ia de um lado a outro do rosto, passando por baixo de um fuço
longo, encimado por um nariz preto e úmido. Uma fileira de dentes pontiagudos e
afiados se aninhava por trás daqueles lábios molhados, sobre gengivas negras. A
baba escorria, molhava o pelo e pingava em fios longos e pegajosos. Quando a
aberração finalmente se pôs de pé, Chapeuzinho Vermelho viu que a cama estava
sem colchão, ele era enorme e estava o tempo todo sentado no chão. A ponta das
orelhas quase roçava no teto assim que ele se pôs completamente de pé,
respirando ofegante, com a musculatura retesada embaixo da pele coberta de
pelos marrons, a manta desceu pelo seu corpo e se acumulou sobre seu pau,
completamente ereto e pulsante! O Lobo iniciou um lento movimento para frente e
parecia rir enquanto observava, devorando e saboreando, cada ação assustada da
menina.
Chapeuzinho estava paralisada. Sua bexiga se esvaziou no
momento em que a fera se revelou. A urina se misturou com o sangue e tingiu de
vermelho as meias brancas que ela usava e desenhou caminhos vermelhos pelas
pernas. Ela tremia e chorava, mal consegui respirar, muito menos falar. E o que
mais a assustava não era o tamanho daquele bicho, nem seu pelos, suas garras ou
o seu pau, que agora estava a mostra, mas sim aquela boca descomunal e
arreganhada pra ela. Ela mal conseguia desviar o olhar dela! Enquanto o lobo se
aproximava, a menina se encolhia contra a parede, mas sem tirar os olhos
daqueles dentes. Eles brilhavam, refletiam a leve luminosidade que vinha da
janela. Eram amarelados, pontiagudos e assustadoramente grandes e um tanto
projetados para fora.
Agora ele estava a apenas quatro passos de distância,
enquanto andava deslizava a mão sobre a pica e respirava cada vez mais forte,
mostrando sua excitação e apetite. O lobo conseguia ouvir o coração da mocinha
totalmente acelerado e sentia o cheiro da adrenalina cada vez mais intenso. O
monstro esticou o braço e a tocou. Primeiro a ponta da garra do dedo indicador
arranhou levemente o rosto dela, deixando correr um fio de sangue, depois
deslizou a mão para a nuca de Chapeuzinho, segurando ela pelos cabelos,
forçando-a a ficar de pé. Ela gritava e chorava, mas sem conseguir dizer nada!
Devorando cada segundo daquele jogo, sem a menor pressa, ele
trouxe o rosto dela para perto do seu, ignorando a pequena resistência que ela
oferecia de forma trêmula, fazendo a sua respiração quente e fétida cair sobre
ela. Roçou seus pelos do fuço contra a pela delicada de Chapeuzinho e correu
sua língua áspera no pescoço da menina, que estremeceu de medo e nojo.
Lentamente ele abriu a boca e alguns dos seus dentes tocaram aquela bochecha
tão clara, delicada e salpicada de sardas. Mas, finalmente, em meio as lágrimas
e medo, ela conseguiu balbuciar...
- ... a... a... a... sua... boca, a sua boca...
E antes mesmo que ela pudesse balbuciar mais alguma coisa, Lobo
chegou a boca bem perto do ouvido de Chapeuzinho e sussurrou bem baixinho,
misturando voz e rosnado:
- Shhh... Shhh... Shhhhhh... É pra te comer melhor!
Assim que ele falou, simplesmente abriu a mão e largou a
menina, que despencou de joelhos no chão, sem nenhuma ação. Ela apenas
observava a besta se contorcer, tentando por as mãos nas costas e rosnando
pragas para todos os lados. De repente a fera solta um grito ensurdecedor e se
contorce para tentar alcançar outra parte de suas costas. Chapeuzinho apenas ouviu
os vidros da parte de cima da janela se despedaçando com um terceiro tiro,
agora ela conseguiu ouvir também o estampido. Uma sombra saltou pela janela, se
pôs atrás do lobo e desferiu mais três tiros em suas costas. Uivando de dor,
babando e se contorcendo a fera caiu no chão estrebuchando, xingando e lançando
maldições! Mas aos poucos seus movimentos foram diminuindo até que ficasse
completamente imóvel.
A menina não esboçava reação, não conseguia expressar nada.
Seus olhos estavam vidrados naquele corpo volumoso e peludo, totalmente inerte
na sua frente. Mas ela foi retirada do transe por uma voz conhecida.
Uma voz de
mulher a chamou pelo nome.
- Sophie, Sophie, olhe pra mim!
E lentamente Sophie ergueu os olhos para sua mãe metida em
roupas de couro fervido, com presilhas e tachões de metal. Segurava em sua mão
uma arma que ainda soltava fumaça pelo cano e seus cabelos, que sempre ficavam
soltos ou arrumados em duas tranças, estavam presos num coque bem amarrado. A
Caçadora, ao ver que o inimigo estava fora de combate, correu e abraçou a
filha. Chapeuzinho estava chocada, não conseguia reagir. Sua mente não
compreendia aquilo, não entendia como um ser como aquele Lobo poderia existir e
entendia menos ainda como sua mãe, sua doce mãezinha, tinha perícias para
abater tal entidade.
Aos poucos Sophie começou a se recompor e as palavras vinham
aos engasgos. Ao mesmo tempo em que tentava falar era interrompido por um soluço
de choro. Por duas vezes ela vomitou alguma coisa que ainda restava em seu
estomago, tremia e tentava falar. Mas a sua mãe a abraçou forte mais uma vez e
começou a cantar baixinho uma musica da infância da menina. Cantava e pedia que
ela se acalmasse, falava que tudo ficaria bem e que o pior já tinha passado.
Com suavidade balançava o corpo para frente e para trás, tentando embalar sua
menininha. Chapeuzinho estava se deixando levar pelo embalo, pela voz da mãe e
principalmente pelo seu cheio, tão familiar. Aos poucos ela estava parando de
tremer e já sentia o coração batendo mais devagar, assim como a respiração
estava ficando mais pausada.
Mas o pesadelo ainda não havia acabado.
A mãe de Chapeuzinho se afastou um pouco da filha e olhando
dentro de seus olhos disse:
- Filha, sei que não está entendendo nada, mas preciso que
seja forte e que me ajude. Infelizmente sua avó já está morta, mas eu não posso
deixar as coisas como estão. Vamos, ao menos, enterrar ela! Você pode me
ajudar? Pode?
Sophie apenas balançou a cabeça para cima e para baixo
concordando com a mãe. Assim que obteve a resposta afirmativa da filha, a
Caçadora pôs a mão atrás das costas e com um movimento de polegar soltou uma
pequena trava que impedia que uma adaga se soltasse de sua bainha de couro. A
arma era linda, com cabo de madeira negra, adornado por arabescos de metal e
uma lâmina comprida e levemente curvada. A Caçadora pegou o Lobo pelo ombro e,
com a ajuda de Sophie, fez com que ele se virasse para cima.
Agora que estava mais calma, Chapeuzinho conseguia perceber
como a barriga daquela aberração estava dilatada, realmente sua avozinha
poderia estar lá. Com um movimento preciso, a Caçadora abriu um talho do
diafragma do lobo até seu umbigo e então Sophie viu o horror. Sua avó estava
lá, ainda inteira, mas com a pele começando a ser corrida pelo ácido do estômago
do Lobo e com os ossos todos quebrados. Face, crânio, costelas, braços, tudo!
Quando ajudava a mãe a puxar a velhinha para fora, ouvia alguns estalos dos
ossos quebrados se misturando aos soluços do seu choro.
Quando a velhinha estava quase com a metade do corpo para
fora, Chapeuzinho ouviu um som grave, meio abafado e baixo, como se fosse um
urso ou outro animal grande rondando por perto, mas era mais perto do que ela
poderia imaginar! Sem que elas percebessem o Lobo voltou a consciência e havia
aberto os olhos.
Ligeiro como uma serpente, com uma das mãos pegou e jogou a
adaga para longe e com a outra agarrou a Caçadora pelo pescoço e quase a matou
em um único movimento. Sophie gritou de forma estridente e sem saber como
voltou a colar as costas na parece. A Caçadora se contorcia e tentava respirar,
ao mesmo tempo em que tentava pegar sua arma. O Lobo demonstrava sentir fortes
dores por conta da barriga aberta, mas se mantinha firme em sua pegada. Aos
poucos ia subjugando a mãe de Chapeuzinho e se colocando de pé, como se as
foras retornassem aos poucos ao seu corpo! É bem certo que estar com o estômago
aberto e com uma velha pendurada para fora dificultou as coisas, mas ele
conseguiu o movimento. Agora a cena era a mais bizarra possível: Um ser com
corpo meio homem, meio lobo, com a barriga aberta e dela pendendo o cadáver de
uma senhora! E ele ainda estava segurando uma mulher com roupa de caçadora pelo
pescoço. Caçadora era brava, chutava o quanto podia, se contorcia, mas o Lobo a
havia pegado de jeito. Ele demonstrava irritação com aquilo tudo e com pouco
esforço, usando a mão livre, quebrou o pescoço da Caçadora com um movimento
simples, obtendo um som arrepiante de ossos partindo. Chapeuzinho olhava a mãe
nos olhos quando a fera fez o que fez, e ela pode ver a feição da mãe morrer e sua
vida se esvair.
Lobo então soltou o corpo da Caçadora, completamente sem
vida, no chão e passou a socá-lo com força e violência! Cada golpe brutal fazia
o corpo se mover em resposta e os ossos estalarem, se quebrando. E, quando ele
percebeu que Caçadora já estava bem triturada, se colocou de pé, ofegante e
cansado, com as mãos na cintura. E logo empurrou a velha de volta para dentro
de si e Sophie viu sua avó sumir dentro do Lobo, viu o rasgo na barriga dele se
fechar e se cicatrizar, como que por magia.
Em poucos segundo até mesmo os pelos nasceram onde antes
havia a cicatriz do corte com algumas queloides e depois nem mesmo elas existiam
mais. O Lobo se espreguiçou como se tivesse acordado de uma soneca e Chapeuzinho
viu caindo no chão as balas que a mãe havia atirado nele. Depois disso, ele
caiu de quatro, próximo ao cadáver da Caçadora, abriu a boca com um grito, fez
uma força e com um estalar de ossos ela se abriu mais ainda. Fez força novamente,
mais um par de estaladas se seguiu e agora ela se alargou para os lados, seu
queixo estava tocando o chão. Dessa maneira, com a boca muito maior do que era
antes, Lobo engoliu também a Caçadora, numa única bocada.
Chapeuzinho viu a garganta e o tórax da besta se alargarem
para dar passagem ao corpo de sua mãe, que visivelmente foi se juntar ao da avó
dentro do Lobo. Mas, inacreditavelmente, quando ele voltou a ficar de pé, sua
barriga aprecia apenas levemente inchada, não parecia conter todo aquele
volume, não estava da maneira quando ele estava inconsciente.
Com dois tapinhas na barriga e um ar de riso, o Lobo se
voltou para Chapeuzinho novamente e disse:
- Onde estávamos mesmo antes de eu ser interrompido?
Ah sim, a minha boca! Como eu estava dizendo, Sophie, e como
você mesma pôde ver, ela é pra eu te comer melhor!
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